quinta-feira, 17 de julho de 2014

Catavento

Para o meu avô.



(http://avomocinha.blogspot.com.br/2011/02/cata-vento.html)
            Dizem que a infância é doce. Que por isso deve ser protegida e preservada. Uma das lembranças doces que tenho da minha é de brincar de catavento. Na verdade, não foi bem o catavento que tornou doce parte da minha infância, mas quem o produzia.
            Entre os meus três a cinco anos o meu avô, homem de poucas palavras, nos falava tudo quando sentava no batente de casa. Eram seis netos sob seu teto. Era catavento até umas horas. O meu prazer era vê-lo montar o brinquedo... Pegar o graveto ou o palito. Cortar o papel. Juntar as pontinhas do papel no centro da flor e pregá-las com um alfinete no graveto ou no palito.
            Era muita paciência. Eram muitos netos. E, às vezes, eram muitas crianças da mesma rua. Era muito catavento.
            Nossos cataventos eram simples. Flores rasgadas dos cadernos velhos de minhas tias e de minha mãe.
            Enquanto elas junto de minha tia avó e minha avó ficavam sentadas nas cadeiras conversando e observando a movimentação. O seu Chico, meu avô, ficava ali no chão, com os netos e as outras crianças, cultivando doçura.


17/07/14

Um comentário:

Carlão disse...

Que lindo, me lembrou um filme que vi faz pouco tempo, chama Tarja Branca, já viu? Vale a pena, é sobre essas riquezas da infância e do brincar.

Beijos saudosos