quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Ao meu velho tio.

Morei com a minha mãe até os 11, quase 12 anos. Depois, fui morar com meu tio, na cidade grande, estudar com um monte de gente que sabia bem mais do que eu, mas que também aprendeu um monte comigo rs... Não vou me estender nesse assunto, mas preciso falar um pouco da vida com meu velho.

As mudanças foram tamanhas e tão fortes que mal consigo me lembrar das coisas que aconteciam naquele período de adaptação. Um velho tio, como meu tio dizia, e uma Monikids, como em muitos momentos ele ainda me chama. As coisas não foram fáceis. Dois teimosos, descendentes de Dona Etelvina (minha avó materna) juntos... 

Eu adolesçando e ele, o velho tio, aprendendo a ser pãe.

Aprendi muito, aprendi tanto que nem toda uma vida de agradecimentos seria capaz de agradecer o tanto que eu aprendi com meu velho tio. E hoje não morando mais com meu velho, meio longe e meio perto, às vezes só observando o movimento, continuo aprendendo, mesmo que eu não consiga dizer isso a ele, porque só de pensar na possibilidade, começo a chorar e a tremer (coisas de dona Maria Barbosa, minha avó paterna, e sua neta: chorar). 

No entanto, é difícil a gente entender tudo isso, a gente entender que está em processo de aprendizagem quando se é mais novo; e é difícil a gente entender que o outro, estando em processo de aprendizagem, não quer entender que está aprendendo e que precisa de aprendizado (mútuo).

Por este motivo que hoje eu preciso falar disso... porque hoje, quase 15 anos depois de ter saído da casa da minha mãe, consigo entender um pouco (apenas um pouco) do tanto que o meu velho tio fez e continua fazendo por mim. Sem ele, eu não seria metade do que sou agora. Teria o mesmo coração, isso eu tenho certeza, mas seria apenas o coração. 

Não teria desenvolvido as minhas outras potências, mesmo que estas não tenham sido do jeito que ele desejava, mas o fiz e como continuo em desenvolvimento. E teria sido diferente, não porque minha mãe e meus outros familiares não quisessem o meu crescimento, mas porque a gente não tinha condições de fazer tanto, quem sai de uma cidade pequena e olha pra trás sabe o que quero dizer: as oportunidade e possibilidade são poucas e quase sempre pré-determinadas. 


O meu tio pãe me deu possibilidades. E continua a me dar... a acreditar. 
(1991, quando ele cortou o cabelo.)
E por tudo nessa vida lhe serei grata. Por todas as canções dentro do violão, por todos os nãos, por todas as indicações de livros, filmes, por quase um ano de cartas trocadas quando a gente morava dentro da mesma casa e não conseguia tempo pra se ver, pela preocupação com a minha educação escolar, pelo consolo de choro aos seis anos por ele ter cortado o cabelo. Principalmente, por estar perto, meio distante e perto, hoje.

(pra ouvir ao som de Pais e Filhos, do Legião Urbana, claro rs)

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